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Foi difícil aprender a ler, mais ainda aprender a escrever. O método que minha professora utilizou foi o “global”, aquele em que se parte de uma história para depois se aprender as palavras e letras. O problema não foi a metodologia, mas a história escolhida, com o seu personagem principal, Paquito, o cavalo que “pula, pula”. Aquilo era o tédio! A história só melhorou lá no finalzinho do ano, quando Paquito morreu e foi para o céu. Adorei colorir a cena de Paquito correndo entre as estrelas…

Considerando ainda que aos seis anos eu quebrei o meu braço esquerdo pela segunda vez, era para o processo de alfabetização ter sido um fiasco (considerando ainda que eu era canhota e ninguém sabia). Mas um dia Dona Sônia abriu um livro de histórias. Não eram mais folhas mimiografadas com a infinita saga do chato do Paquito, o cavalo que “pula, pula”. Era um livro com ilustrações “já coloridas” que ela pegou e contou o caso inteiro de uma vez.

Foi emocionante, fiquei profundamente tocada pela vida daquela lesma chamada Lúcia que recebe um convite para a festa da libélula Crispa-foguinho. Como era uma lesma, Lúcia se arruma devagar, anda devagar, tropeça devagar e por fim chega ao local da festa. Lúcia-já-vou-indo encontra só a sujeira da farra já acabada e a anfitriã dormindo cansada. Frustrada, ela chora devarzinho. No fim os seus amigos decidem fazer uma festa na própria casa de Lúcia-já-vou-indo, pois assim não teria como ela se atrasar.

Dona Sônia contou essa historia de novo e de novo, até que todas as crianças enjoaram, menos eu. A cada vez que ela contava, novamente ficava apreensiva com a possibilidade da simpática lesma não chegar a tempo a festa, me entristecia com sua decepção ao chegar atrasada e me redimia com a festa que encerra a historia.

A partir de Lúcia-já-vou-indo, obra de Maria Heloísa Penteado (Editora Ática) eu passei a amar as histórias. Um dia, já adulta, comprei este livro para ler sozinha. Foi um prazer repassar cada página. Vivi todas as emoções da história e me alegrei novamente com o final festivo. Fiquei emocionada com a amizade dos bichos da floresta com Lúcia, apesar de sua lerdeza na vida prática. Depois li a história para meu sobrinho Olivier, imitando o jeito de ler de Dona Sônia…

Eu lia "Lúcia-já-vou-iiiiiiiinnnnnndo", com o livro na mão. Meu sobrinho Olivier, recém-chegado dos EUA, repetia "Lucyjhávoninnnndo"...

No ano seguinte eu tive a oportunidade de fazer carteirinha na biblioteca da escola. Poderia então escolher os meus próprios livros. A minha paixão total passou a ser “O Menino Maluquinho” do Ziraldo (editora Melhoramentos). Li, reli, treli, peguei não sei quantas vezes na biblioteca. Esse livro andava sempre em minha mochila, não me cansava dele, poderia ler de trás pra frente, e salteado. É que meu apelido na rua era “doidinha” e até minha mãe citava trechos do livro pra mim. “Lá vem a menina maluquinha… com vento nos pés e olho maior que a barriga… Quando a menina maluquinha volta da escola, a mochila chega na frente…”.

Este livro foi tão importante em minha vida que fiz uma citação a ele em meu convite de formatura (do Pré-escolar? Não, da universidade mesmo). No primeiro Natal que passei com meu namorado ele me deu de presente “A Menina Maluquinha” uma paródia feita por ele mesmo ao meu livro mais lido na infância. Comprei “O Menino Maluquinho” para o meu afilhado Lucas, um menino super maluquinho, ou seja, muito feliz. Ele coloriu de forma psicodélica todos os desenhos de Ziraldo.

"tudo que é bom é brincadeira" - toda criança, pai e mãe deve ler este livro para entender o que deve ser uma infância - a obra completa em 2010 seus 30 anos!

Quando eu era editora de um jornal para alfabetizadoras (quase vinte anos depois do primeiro encontro com “O Menino Maluquinho”), em todas as edições tínhamos que escolher alguns livros de literatura infantil para uma seção chamada “Livro na Roda”. Chegou as minha mãos, um belo dia, um livro maravilhoso. Foi um êxtase, eu me apaixonei novamente e perdidamente por um livro infantil. Não foi apenas gostar, já gostei de vários, eu amei mesmo este livro, “Frida”, uma biografia da infância e juventude da artista Frida Kahlo para crianças, feita pela editora Cosac Naify.

As ilustrações são fantásticas! Tanto que eu penso na possibilidade de desmembrar as páginas e emoldurar algumas daquelas imagens para enfeitar as paredes de casa. Ganhei o livro de presente do meu chefe Dute, após o fechamento daquela edição do jornal Letra A, é que ele ficou impressionado com a minha felicidade ao conhecer a obra. E eu fiquei pra sempre duvidando que uma criança possa não gostar de ler sendo devidamente incentivada. Impossível não se encantar com a literatura ao conhecer livros como Lucia-já-vou-indo, O Menino Maluquinho e Frida. Sugestões dadas, amigos, este post fica por aqui.

Esta é a capa do livro que dá acesso a ilustrações lindas-lindas

Bom, esta é a minha estreia no blog da Livro, vou escrever sobre novidades e clássicos, sobre literatura infantil e de gente grande, sobre livros que eu li, amei e recomendo com carinho.

Copa do Mundo – tem uma tabela da Copa muito bonita no site da editora Cosac Naify. Com uma foto linda no alto da tabela, ela lembra dois lançamentos futebolísticos da editora. Está aqui: http://bit.ly/cpXePJ (via @cosacnaify). Mas não se engane. Logo, logo tem mais Copa aqui no blog da Livro.

Condimentada – uma história no mínimo insólita:

Se Agatha Christie escrevesse romances policiais um pouco nonsense, talvez esse fosse um bom enredo.

Neil Gaiman <3 – ele sempre aparece por aqui, fato, mas dessa vez é num momento “popstar”. Neil publicou no seu twitter (@neilhimself) um link para uma foto feita pela namorada noiva, Amanda Palmer. A pergunta era “how many people does it take to help @neilhimself sign 500 books?” (quantas pessoas são necessárias para ajudar @neilhimself a autografar 500 livros?). A resposta:

Mais Neil Gaiman aqui no blog pela tag aqui ao lado.

Meio milhão de livros – é a quantidade de livros registrados por seus autores na Biblioteca Nacional que deve ser atingida em breve, segundo a coluna Babel, do jornal O Estado de São Paulo. Segundo o responsável pelo órgão, cerca de 410 mil obras foram registradas apenas nos últimos 15 anos e a maior parte por “gente simples, como agricultores e garis”. Leia tudo aqui: http://bit.ly/9c9KPb (via @galenoamorim)

Drummond na Copa – o poeta mineiro vai fazer companhia aos jogadores da seleção e ao técnico Dunga, pelo menos no que depender da editora Record (que publica os livros dele).  Todos vão receber exemplares do livro “Quando é dia de futebol”, que reúne as melhores crônicas do autor sobre o tema. Ainda fez parte da ação promocional da editora vestir a estátua dele que fica na praia de Copacabana, no Rio, com uma camisa da seleção. A nota completa está aqui: http://bit.ly/9XVymp (via @galenoamorim)

Veja todas as fotos aqui: http://bit.ly/bY8mHy . No link também dá para ler o poema que foi estampado nas costas da camisa. A outra dica é que o twitter @drummondrecord tem publicado informações, trechos de obras e interagido com os leitores do poeta.

Lembrete final – já publicamos no Twitter da Livro (@revistalivro), mas não custa nada lembrar. A editora Intrínseca e as livrarias Saraiva vão promover um encontro de fãs para o evento de lançamento de “A breve segunda vida de Bree Tanner”. É dia 19 de junho, este sábado, em 13 cidades do país. Aqui em BH vai ser na Saraiva do Diamond Mall às 16h. Veja tudo aqui: http://bit.ly/8VopL8

Ok, o título desse post é uma tradução ruim para “Macanudo”, tiras em quadrinhos do argentino Ricardo Liniers. Mas é mais ou menos isso que a palavra significa: alguém/algo que é muito legal, bacana, divertido.

Publicada no Brasil diariamente na Folha de São Paulo, a tira é a nossa Prateleira de Pixels de hoje!

Diferente de outros posts dessa seção, o Macanudo é um “livro” que aumenta todos os dias. E pode ser encontrado em português neste site (de onde tirei as imagens que ilustram o post).

Também é possível ler mais tiras do Liniers em espanhol aqui e ver o site mais institucional em espanhol ou inglês aqui.

Sou suspeita pra falar dele: tinha uma agenda do Macanudo em 2009 e o Liniers gracinha (#hebefeelings) autografou ela pra mim!

Ele ainda me desejou feliz aniversário na página do meu dia!

E olha: ele é MUITO simpático e legal – muy macanudo ;).

Fui a uma mesa sobre humor nos quadrinhos no 6o FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos), em Belo Horizonte, no ano passado. Esse ano tem mais FIQ, hein? Quem será que aparecerá por lá?

E aí? Muito estranho falar de tirinhas online como literatura de pixels?

Que nada..!

Se gostaram, leiam a matéria sobre o Asterix na Revista Livro Número 0! (páginas 42 e 43)

O Auto Da Barca do Inferno, de Gil Vicente, é um daqueles livros que provavelmente vão te mandar ler na escola – se é que ainda não mandaram.

Quer fazer da obrigação algo melhor que matéria da prova? Tente aproveitar as pitadas de humor, os personagens malucos e os papeis sociais representados por cada um dos personagens criados lá em 1517 – mas que servem até hoje direitinho!

Imagine que você morreu e sua alma está naquele limite entre o Céu e o Inferno. E que o Diabo e um Anjo julgam sua vida para decidir onde você vai passar a eternidade.

Esse resumo pode parecer velho, mas é bem divertido perceber as relações entre os dois personagens imortais e os mortais nada santos que vão para a beira do rio da morte, entre a Barca do Inferno e a Barca do Céu.
“À barca, à barca, hu-u!

Asinha, que se quer ir!

Oh, que tempo de partir,

louvores a Belzebu!”

Grita um de um lado o Diabo louco pra encher sua embarcação.

“Espera entanto per i:

veremos se vem alguém,

merecedor de tal bem,

que deva de entrar aqui.”

Pondera o Anjo, pra ver quem merece entrar na sua.

E alguém ali se salva? Um homem de fé bêbado, um rico orgulhoso que tem mil pessoas rezando por ele, uma mulher metida em bruxaria, um homem que foi pra uma Cruzada e matou uns tantos homens…

O segredo para aproveitar a leitura é ler o texto em voz alta. As palavras meio cortadas no meio do português de Portugal antigo de Gil Vicente deixam de ser complicadas e e viram melodia gostosa de recitar. E os versinhos falados por cada um dos personagens pode virar música nas mãos dos mais talentosos (os meus preferidos são do Frade bêbado, Deo Gratias!).

Uma boa inspiração pra peça de teatro na escola, garanto!

A nossa prateleira de Pixels vai ficar mais gordinha hoje com uma obra que eu amo muito:

O Mercador de Veneza, de William Shakespeare.

(capa de um Mercador de Veneza antigo em inglês)

Pode ser muito cliché, mas… eu tipo… AMO Shakespeare! Ele conseguiu reunir em sua vasta obra de peças teatrais todos os tipos de comportamentos humanos, desde os mais perversos aos mais simpáticos.

E sabia escrever um dramalhão como ninguém.

Algumas peças são novelas mexicanas prontas, outras estão feitas para uma superprodução hollywoodyana com todos os efeitos especiais e o Johnny Depp – ou o Robert Pattinson – no papel principal.

E eu nem falei dos sonetos, que são muito bacanas e bonitos, alguns feitos sob medida pra mandar pro namorado, outros pra sofrer uma dor debaixo do travesseiro.

Quem foi Shakespeare?

Escritor inglês do século XVI, viveu durante o reinado da famosa Rainha Elisabeth. Nessa época, as mulheres das peças eram representadas por homens (!).

Outra curiosidade: Shakespeare nasceu e morreu no mesmo dia: 23 de abril (meu aniversário! Mas ele nasceu quando o calendário usado na época era o Vitoriano e morreu quando ele já era como é hoje, Gregoriano. Isso significa que ele não morreu exatamente 52 anos depois de seu nascimento). Esta é uma das razões para o Dia Mundial do Livro ser neste dia.

Ao todo, existem 38 peças de teatro atribuídas a  Shakespeare. Elas são divididas em Comédias (com final feliz, não necessariamente engraçadas), Tragédias (com final triste, Romeu e Julieta, por exemplo) e Históricas (que recontam a história inglesa).

Ele ainda possui 6 livros de poemas (os Sonetos são meus preferidos), duas peças conhecidas como “Peças Perdidas”, pois não estão reunidas no First Folio, primeiro livro publicado com seu trabalho para o teatro e as tais Peças Apócrifas (11 ao todo), que não são consenso se foram escritas por ele ou não.

Mercador de Veneza

Parte do trabalho de Comédias, é um livro bastante divertido, ainda que não seja muito engraçado.

Uma adaptação bem legal foi feita em 2004, com Al Pacino no elenco. O trailler do filme explica bem sobre o que se trata o livro:

A obra escrita tem bem mais romance que o filme. E o preconceito, na minha opinião, é bem mais pesado no filme. Coisa dos judeus donos de Hollywood. Então vale a pena ler e assistir pra comparar e concordar comigo ou não ;)